quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Fobia, oportunismo ou pura vocação?

Em meio às loucuras desse mundo moderno, com papai e mamãe tendo que trabalhar fora em horário integral para garantir o leitinho das crianças, Zezinho passava a maior parte do tempo com sua querida vovó, a Dona Ermelina.

Ermelina era uma daquelas avós tradicionais, igual àquela que se via nos pacotes de farinha Dona Benta ou no logotipo da Casa do Pão de Queijo. Se por um lado fazia todas as vontades do neto, liberando chocolates e guloseimas antes do almoço ou da janta, Dona Ermelina também era uma superprotetora radical. Só fazia vista grossa para algumas travessuras por causa da já avançada catarata. Seria esse o motivo do excesso de zelo pelos olhos do seu menino dos olhos? Veremos...

Aos 5 anos de idade, logo após o programa do Bozo, Zezinho virou-se para Dona Ermelina e disse:
- Vovó, vovó! Quando eu crescer, quero ser bombeiro!
- Ai, meu netinho! Imagina se cê ta lá no alto daquela escadona apagando um incêndio, escapa uma fagulha e pega no olho? Um perigo! - retrucou a avó.
Cabisbaixo, o pobre garoto desistia do seu primeiro grande sonho.

Quando completou 10 anos, Zezinho já era convictamente um Palmerista – o mesmo que palmeirense, segundo o dialeto ítalo-geriátrico de Dona Ermelina – quando ficou maravilhado no dia em que o centroavante do time teve que substituir o goleiro machucado e acabou defendendo dois pênaltis. Completamente extasiado, cutucou a avó e atestou:
- Já sei o que vou ser quando crescer, vovó! Goleiro do Palestra!
- Ai, Zezinho! Não me faça uma coisa dessa! Vou até bater treis veiz na madeira, mas imagina se cê ta lá no gol, vem aquele tirambaço, cê não consegue agarrá com as mão e a bola pega no olho? Deus me livre e guarde, viu? - respondeu ela.

Os anos foram passando, tanto é que Dona Ermelina já tinha batido as botas há tempos quando Zezinho tornou-se um renomado oftalmologista. O curioso é que mesmo com uma leve hipermetropia, ele nunca teve coragem de usar óculos. Também, não é para menos. Imagina se a lente quebra, estilhaça e pega no olho?

* Agradecimentos ao ‘camagada’ Roman Ciupka Jr. Foram as conversas em idioma idoso no trajeto casa-trabalho que inspiraram esta pequena historieta.

9 comentários:

Anônimo disse...

Tava indo fumar um cigarrinho, mas agora fiquei com medo. Imagina se solta uma brasa e pega no olho?? (brincadeira, vou do mesmo jeito, se anima não...rs).
PS 1: Dizem que a velhinha da farinha e do pão de queijo é a Erundina...
PS 2: Tinha certeza da temática...rs
Amo!!

César Schuler disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
César Schuler disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkk
coitado do Zezinho!

Cara, muito massa esse texto, curti o blog...

VOLTAREI! xD

André disse...

muito bom!!

O Enxadrista disse...

Ha ha ha, boa essa =P

Especialmente pela parte "parmerista" da história (sim, eu sou Verdão).

Obrigado pela visita, abraço.

Anônimo disse...

Passando para ver o Zezinho com a minha miopia!!
hehehe

Luca

Vini, Vi e Venci disse...

putz, tu colocas cada ponto de vista em cima das coisas...
gosto muito!
abraços

Unknown disse...

Massa!!!
Navego escondida nesse mar de letras encantada repleto de textos tão inteligentes!
Parabéns!
Beijo!

Anônimo disse...

Meu caso é diferente...
Quando eu apontava para frente e dizia que queria ser artista, meu pai fazia eu olhar para um lado dizendo que eu seria era jogador e minha mãe para o outro lado dizendo pra eu ser padre. Resultado? fiquei vesgo!