segunda-feira, 23 de abril de 2007

... e agora foi a vez do Yeltsin

O inevitável sempre acontece. E quando ele chega, costuma ser de surpresa ou então não seria surpreendente. Nem inevitável se alguém desse um jeito de evitar. E o passageiro famoso da vez pra essa estranha viagem – uma semana depois da grande Nair Belo – foi o polêmico ex-presidente russo Boris Yeltsin.

O que dizer deste grande homem?

Nada de muito sério, porque aqui não é lugar de política. Pelo menos não de política levada a sério.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção nesse dia de luto para toda a grande nação russa, onde joga Vagner Love com sua horripilante trança azulada, foi o fato de, nos inúmeros portais interneteiros que noticiaram a sua morte, alguns escreviam Yeltsin com I e, outros, com Y. Um dos grandes questionamentos que atingem minha mente agora, depois desse lamentoso fato é: se escreve Ieltsin ou Yeltsin?

O UOL insiste no I. O Estadão.com.br utiliza o Y. E qual é o certo?

Já vi jornal ou revista cansar de escrever o Wanderley do Luxemburgo com V no começo e I no final, além do circunflexo (lê-se chapeuzinho de chinês) sobre o segundo E, mesmo com todo jornalista esportivo bem-informado (ou pelo menos todo bom editor) sabendo que, por influência talvez de seu ex-guru Robério de Ogum ou de sua irmã mãe-de-santo, Luxa apelou pra numerologia, trocando o simplório jeitinho brasileiro de ser Vanderlêi pela formosa e luxuosa versão turbinada com ‘dáblio’ e ‘ípsilon’, tal qual o grande Wanderley Cardoso.

Mas isso não tem importância nenhuma, porque já virão jornalistas dizendo que é manual de redação do veículo e bla, bla, bla...

O que importa é a imagem que fica. Não sou nenhum especialista em política internacional, mas quem não se lembra daquela famosa imagem do encontro entre Yeltsin e Clinton, em que o primeiro estava visivelmente bêbado e, o segundo, dava altas gargalhadas? E ainda diziam que isso era politicamente incorreto, principalmente um tal sujeito que lembra muito o Mad e que hoje é presidente do País do comedor de estagiárias.

Esses americanos republicanos falsos-moralistas que não sabem apreciar o que a vida tem de melhor. Queria ver se eles morassem no Brasil e, vira e mexe, ao andar pelas ruas de uma cidade como São Paulo, nos milhares de botecos em cada esquina, vissem um festival de bêbado cambaleando e dando gargalhada. Até aí tudo normal, se não tivesse sempre alguém cantando (ou tentando) banda Calypso no vídeoke. Isso sim é imoral!

Mas o álcool pode ser realmente uma benção. Não concorda? Basta lembrar quando você pegou aquela baranga horrível numa noite dessas e, no dia seguinte, pra evitar que os amigos tirassem sarro, soltava aquele velho bordão “Eu tava bêbado!”.

E o Jânio Quadros, ex-presidente do Brasil, ex-prefeito de São Paulo e difusor daquela música da vassourinha? Além de tudo isso e do ‘buraco do Jânio’ onde hoje é o túnel do Anhangabaú, quem se lembraria dele se não fosse a tão sábia citação “Eu bebo porque é líquido. Se fosse sólido, eu comê-lo-ia!”.

Pois é. Fi-lo porque qui-lo.

sábado, 14 de abril de 2007

Sinal Iminente do Final dos Tempos

Tudo começou quando soube por uns amigos, enquanto jogava futebol (?), que os feirantes agora estavam proibidos de gritar na feira. Quer maior absurdo que esse? Pois fui lá conferir e lá estava a notícia. Imagine só ir à feira e não escutar alguém gritando “Mulher bonita não paga, mas também não leva!” (pensamento gentilmente roubado de Renato Pazikas). Que graça vai ter ir à feira sem escutar “Ói o mamão! Ói o mamão!”?

Tudo bem, tem o pastel de feira que sempre vai ser o melhor do mundo, independentemente de qual feira for. Só que isto também faz pensar. Por mais que os pasteleiros – sejam eles chineses ou não – de todo resto do mundo se esforcem e se aprimorem na arte de fazer pastel, nunca conseguem realizar algo que se compare aos pastéis de feira. Nem se o caldo de cana for grátis, o que alguns pasteleiros de péssima qualidade gastronômica se utilizam pra passar pra frente o seu subproduto.

Será que nas entrelinhas dá pra enxergar o desastre que pode surgir a partir de tudo isso? Com os gritos proibidos, a principal força motriz do feirante e da própria feira como instituição nacional vai ser fortemente abalada. E, querendo ou não, essa nova realidade irá afetar os grandes pasteleiros alquimistas – pois só eles têm a fórmula secreta do Bom Pastel em uma arte milenar passada de pai para filho – causando, por fim, um arrebatador efeito dominó.

Para compreender a totalidade da questão, voltemos à China há milhares de anos. O imperador mongol Ghengis Khan (será que é assim que se escreve?) era impiedoso e já dominava quase todo o continente asiático, restando apenas a imensa e passiva China. Combates sangrentos, vitórias surpreendentes e, cada vez mais, o exército mongol chegava mais próximo ao objetivo. Quando já se aproximavam de Pequim para desferir o golpe de misericórdia, Mr. Khan montou acampamento, notando o cansaço de seus principais homens, e também para definir a sua estratégia de invasão.

De repente, uma manhã, Ghengis Khan despertou com um aroma que entorpeceu seus sentidos e rapidamente removeu a cabra de seu colo – naquele tempo, longos tempos de guerra e ausência de mulheres levariam o homem ao desespero, ou então a antropofagia (do grego “comermo-nos uns aos outros”) e por isso recorriam às cabras ou outros animais passivos.

Fungando sem parar, seu super-olfato detectou que o delicioso cheiro de óleo velho e requentado vinha do sul, exatamente a mesma direção do principal acesso à grande Pequim.

De imediato, Khan chamou seus dois principais generais – que se entretinham com uma lebre e uma tartaruga, respectivamente – e combinou que iriam disfarçados até o local de origem daquele misterioso e atraente cheiro. Ao chegarem, se depararam com um chinês magrelo que sacudia uma espátula em uma imensa bacia de metal repleta de uma estranha massa mergulhada em um gorduroso óleo, e com um fogareiro embaixo. Ao perceber a chegada dos forasteiros, o Chinês lançou um olhar de desprezo para os três e disse:

- Tlês pastel, tlês leal!

Khan coçou o cavanhaque sem entender nada. O Chinês prosseguiu:

- Tlês pastel, tlês leal!

Ainda sem entender o que o Chinês dizia, ainda mais porque se referia a uma moeda que seria criada milênios depois no Brasil, Khan se ajoelhou e implorou pelo segredo daquilo que, na placa ao lado do Chinês, ele lia como “PASTEL 1 LEAL CADA”. O Chinês se irritou e gritou:

- O nome é só Pastel, calamba! Um leal é o pleço! Vai complar ou não?

Então, em um ato de desespero, o até então guerreiro frio e implacável se pôs a chorar e cometeu seu único erro em décadas de batalhas e conquistas: revelou que era o grande Ghengis Khan. Claro que o chinês não acreditou e, então, para provar quem era e conseguir o segredo, levou-o até o acampamento de seu imenso exército. Ainda sem acreditar, o Chinês fez Khan levá-lo de volta à Mongólia, pra ter certeza que aquele grande homem com um chapéu de metal não estava de “picaletagem”. E assim foi feito.

Já em território mongol, Ghengis Khan deu tudo do bom e do melhor ao Chinês, que depois de muitas perguntas e desconfianças, se convenceu de quem ele era realmente. Confiante, Khan finalmente perguntou o segredo. O Chinês, meio sem jeito, coçou a cabeça e respondeu:

- Tem um plima muito gostosa que mandalam pla Coléia polque eu queler semple caçar peliquita dela. Leve-me até lá que te conto o segledo do pastel.

Apesar de contrariado, Ghengis Khan aceitou a condição do Chinês e mandou que uma comitiva o levasse para o litoral nordeste da China, onde uma embarcação com destino à Coréia o estaria esperando. Aproveitando a oportunidade, o Chinês pediu gentilmente que levasse junto seus instrumentos de preparo de pastel, já que seu amor proibido adorava essa iguaria e, em troca, lhe daria a tão sonhada "peliquita".

O barco partiu. Mas uma grande tempestade desviou a pequena embarcação do Chinês e de sua pastelaria marítima da rota programada para o extremo Sul, onde alcançou imensos blocos de neve e gelo, mesmo local que hoje conhecemos como Antártida. Com um “flio de lascar”, o Chinês remou sem parar pra se aquecer e, rapidamente a paisagem mudou. Belas praias e muita gente pelada e de pele vermelha correndo pelas areias (descrição feita pelo próprio Chinês em um misterioso pergaminho encontrado por um padre jesuíta séculos mais tarde). Não era a tão sonhada "peliquita", mas aquilo ali parecia muito tentador.

E assim, muito antes de Colombo chegar às Américas ou Cabral aportar em Porto Seguro, o Chinês chegou a uma terra que tinha muito “Pau Blasil”. Uma terra onde descobriu também óleos gordurosos de tão péssima qualidade que tornaram o seu pastel ainda mais delicioso, muito utilizado em grandes celebrações indígenas onde os pajés, aos berros, ofereciam o melhor de suas colheitas aos deuses. Festa que muito tempo depois daria origem à feira que nós conhecemos hoje em dia.

Moral da história: sem grito, não existe feirante. Sem feirante, não existe feira. E sem feira, não existe pastel de feira. Sem pastel de feira, existe revolta, desordem e, conseqüentemente, o iminente final dos tempos.

obs: realmente, uma bela lição de História.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Verde pra mim, laranja pra você

A Física Quântica, a Neurociência, o Budismo e algumas escolas da psicologia, entre outros setores de estudos e sabedoria, concordam que quem de fato cria a chamada realidade lá de fora é a nossa própria mente. O que vemos não é o mundo de fato, mas a nossa própria representação, de acordo com nossa percepção, experiência, mapas, filtros, crenças e até mesmo limitações inerentes ao nosso estágio evolutivo.

Imagine só: o cérebro humano processa mais de 400 milhões de bits de informação o tempo todo. Mas a nossa consciência estúpida, limitada e que se acha tão dona de si, "enxerga" apenas 2 mil bits disso tudo. Dá pra imaginar o que tem aí fora e que não conseguimos perceber? Dá pra imaginar todo o poder e potencial à nossa disposição e que não nos damos conta?

Isso abre uma gama de possibilidades, desconcerta visões, conceitos, paradigmas e deixa de quatro e ancas abertas formas de pensar que antes eram dominadoras e tidas como verdades absolutas. As implicações filosóficas deste e de outros fatos ligados à essência da realidade é realmente aterradora.

Tantos fatos novos e revolucionários e a idéia de que cada pessoa tem a sua própria representação do que temos no mundo externo. isso nos leva a pensar, não? Pense então no absurdo que deve ser. Se cada pessoa tem sua própria visão, surge a possibilidade de que cada ser humano vê coisas absurdamente diferentes um do outro.

Por exemplo, a camisa que eu estou usando é meio branca, meio azulada, mas que frescos que dizem manjar de moda e de assuntos relacionados ao mundinho fashion dizem que é gelo (gelo tem cor desde quando?). Não, isso vai causar certa confusão. Então vou falar da camiseta que eu usava ontem, que é vermelha.

Eu digo que ela é vermelha, assim como meu vizinho, que também diz que minha camiseta é vermelha. Mas pense, eu sei que é difícil, mas pense: o que eu vejo vermelho pode ser que você veja verde, o meu vizinho veja laranja e o Clodovil, azul-bebê. Mas chamamos de vermelho, afinal vivemos num meio comum. Ficou confuso?

Lembra do cavalo branco de Napoleão? Pois eu digo que o meu branco deve ser verde-água para você. Mas a gente chama de branco, porque convencionalmente é assim e, além do mais, sempre vamos distinguir isso da mesma forma, porque aprendemos dessa maneira, ainda que talvez vejamos coisas completamente diferentes. Mas como vamos saber?

Pensemos mais então: se um daltônico de nascença troca o verde pelo vermelho (e vice-versa), alguém, mostrando o verde pra ele, ensinava que, mesmo que o coitado visse vermelho, aquilo ali era o verde. O mesmo acontecendo quando alguém mostrava o vermelho pra ele, enquanto ele via verde, embora aprendesse que na verdade era vermelho. Isso significa que, então, um daltônico não teria desculpas pra passar direto quando o farol está vermelho ou frear abruptamente quando a sinaleira esverdeia!

Pois é. Embora quando eu julgue que quando te vejo, vejo uma pessoa normal, com a pele lisinha e bem cuidada, quando você se olha no espelho pode ver um ser roxo com bolinhas verdes, com orelhas pontudas e, ainda assim, ter certeza que esse é o normal.

Que alguém me prove o contrário!

(texto originalmente postado em 15 de janeiro de 2007 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

A incrível história do intestino solto até a prisão, que de ventre não tinha nada

Interessante como as coisas acontecem.

Já fazia um tempo que eu pretendia retomar este espaço de pensamentos soltos, insólitos e insolitamente soltos. Mas não sei se era preguiça ou se simplesmente eu estava numa fase de falta de assunto sem fim. Simplesmente não rolava.

Cheguei até ao cúmulo de, numa noite sem sono, postar minha poupança na cadeira de frente para o computador, documento de Word em branco, dedinhos tilintando prestes a digitar qualquer coisa obscura que me passasse pela cabeça, até que a TV ligada na sala dá a ordem e eu obedeço: "Opa! Tá reprisando Tunísia x Arábia Saudita!"

Passada a Copa, burrices de Parreira e cabeçadas de Zidane à parte, de vez em quando prosseguia pensando no assunto, andando por aí e tentando caçar algo inspirador pra que eu pudesse escrever meia dúzia de gracejos. Nada que prestasse além de outra meia dúzia de trocadilhos infames que eu tenho vergonha de recontar até pra mim mesmo.

Até que um dia...

Segunda-feira, 10 de julho de 2006, tinha eu acabado de passar por um fim de semana dos bons ao lado de minha linda e amada galega, dia de trampo sem lá muitos enroscos, voltava dos confins de Alphaville para o coração de São Paulo pensando em coisas que iam desde arquétipos junguianos até a necessidade do Corinthians em contratar com urgência um lateral-direito decente.

Ah! Vale avisar que trata-se de uma quase paráfrase de um conjunto de três 1/3 - azarado ao extremo - que passou por uma situação semelhante, mas o desfecho foi diferente. Nem melhor, nem pior. Diferente.

Voltando ao foco, antes mesmo de chegar ao meu fretadão que parte da cidade-teste de Matrix alocada em Barueri rumo Terra da Garoa, já havia sentido um pequeno incômodo. Nada que me fizesse parar.

Então, já em solo paulistano a bordo do portentoso ônibus da Urubupungá que agora passava ao lado do Parque Villa-Lobos, sinto um burburinho na minha região intestinal. Também não dei muita bola.

Minutos depois, já ali na Pedroso de Morais, o que era burburinho se transformou, digamos, numa pequena cólica que foi capaz de me fazer contrair alguns músculos. Mas ainda assim, nada que pudesse me fazer sair do sério e interromper meus pensamentos avoados, que a essa altura lembravam impressionados de um boteco em São Caetano - cujo dono era uma mistura de Bud Spencer com Osama Bin Laden - que vendia Original a apenas R$ 1,99! Isso mesmo! A cerveja que em qualquer bar que você vai não sai por menos de 4 pilas, por apenas R$ 1,99!!! Como diria Lombardi nos momentos áureos de Sílvio Santos no Show de Calouros para encerrar aquele quadro que mostrava coisas impossíveis, isto é incrível!

Só que mais incrível ainda foi aquela sensação doloridamente insuportável que me acometeu quando o busão fazia a curva na Teodoro Sampaio pra entrar na Dr. Arnaldo. Não só chacoalhou todo meu corpo como também provocou calafrios e me fez suar em bicas mesmo com a temperatura no auge da noite estar em torno de 15ºC. Pensamentos soltos? A única coisa que me vinha à cabeça era um belo vaso branco de cerâmica, podia ser até mesmo de porcelana, mas que com certeza jamais pertenceria à dinastia Ming.

Aliás, o funcionamento do intestino às vezes parece muito com a vida. Quando as coisas não vão bem, ele costuma dar um sinal discreto, mas a gente acha que não é nada e prosseguimos, sem saber que aquele pequeno incômodo vai evoluindo em silêncio. Ainda assim, quando as condições dão uma relativa piorada, ele tem a elegância de nos avisar de novo e nós, no centro do nosso egocentrismo, mestres da razão, senhores das nossas vontades e até das necessidades fisiológicas, achamos que podemos esperar para resolver depois, quando for mais cômodo. Enquanto isso o problema cresce tão absurdamente que até aquele conhecido e apertado orifício sofre para conter. E então, lá vem o intestino de novo e faz um ultimato: "Ou você pára e resolve de vez a situação ou vai dar merda!" - literalmente, igualzinho às coisas da vida.

Pelo menos até então, eu estava com sorte. Minutos após o ultimato intestinal, quase 9 horas da noite, o ônibus já avançava pela Avenida Paulista e meus olhos chegaram a lacrimejar de emoção quando avistei o Shopping Center 3, que ficou nacionalmente conhecido por um incêndio que lá aconteceu nos anos 80, e agora representava a minha salvação. Saltei do coletivo, atravessei a rua, entrei no recinto e, mesmo com uma quase convulsão interna, segui tranqüilo até o meu objetivo.

Enfim, o toalete. Como uma vez disse Julian Huxley, o único lugar onde até mesmo os reis vão a pé. Sentei-me, obrei e, enquanto esperava o tempo passar, resolvi reler um livro genial do Ricardo Kelmer sobre o filme Matrix. E olha que o tempo ali foi suficiente pra ler algumas dezenas de páginas. Foi então que, lendo um trecho que discorria sobre a dependência da humanidade em relação à tecnologia, falando que ficamos totalmente desorientados só pelo fato de faltar luz elétrica, a luz simplesmente apagou. Exatamente no mesmo milésimo de segundo.

Até ali, achava que havia apenas acabado a luz, que era uma coincidência engraçada e só me senti desnorteado porque, na hora de utilizar o rolo de papel higiênico para fazer a limpeza, a escuridão me impedia de conferir visualmente se o serviço já estava terminado. Só me restou contribuir para o desmatamento das nossas florestas e utilizar aquele material feito a base de celulose numa quantidade acima da usual para garantir que aquilo nada mancharia, muito menos a minha reputação.

Mesmo no breu total, eu estava relaxado, tranqüilo e, se bobear, pronto pra outra. Quando saio da minha cabine, vejo luzes trespassando as frestas da porta principal do banheiro, fato que estranhei, já que eu inocentemente achava que o shopping estava sem luz.

Luzes de emergência? Antes fosse... Pois na hora em que fui abrir a porta e sair dali, ela nem se moveu. Trancafiada, cerrada, fechada e intransponível. Só depois eu soube que o Center 3, com exceção do cinema, fecha às 21h.

Estava eu ali, justo na hora que passava o primeiro capítulo de Páginas da Vida, preso no banheiro de um shopping e totalmente no escuro.

Será que consegui escapar pela janelinha do banheiro através do sistema de ventilação? Será que passei a noite ali e só me vi livre às 10 da manhã do dia seguinte, hora do shopping reabrir? Ou alguma terna, divina e milagrosa salvação?

Usem a imaginação, porque eu já falei demais!

(texto originalmente postado em 13 de julho de 2006 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Para voltar de um longo descanso, nada como um feriado prolongado

Feriadão prolongado. Sol. Todo mundo quer viajar, certo? Errado! Garanto que a maioria sim, menos eu. E tô gostando, viu? Cidade calma. Parece até um lugar habitável, coisa que na maioria dos outros 365 dias do ano eu fico meio na dúvida. Mas imagina só: o pessoal trabalha duro, de sol a sol, de segunda a sexta, sendo que alguns sortudos acabam entregando o sábado à bendita labuta do dia-a-dia. A salvação? Data em homenagem à Proclamação da República, 15 de novembro de 1889, mesma data que, 100 anos depois, elegeu Fernando Collor. A democracia tem dessas, mas voltando ao assunto, hoje em dia 15 de novembro é só um feriadão prolongado mesmo, de sábado à terça na versão 2005, o último do ano pra descansar.

E tome na sexta-feira nego passando em casa pra pegar a família - ou nem isso - e tratando de pegar estrada. Tudo em nome do descanso. Um descanso meio estranho, com algumas horas a mais preso no engarrafamento pra descer pra praia - isso é sair da rotina pra quem vive preso na Marginal? -, buzinaço, a criançada impaciente no banco de trás perguntando se já chegou a cada 5 minutos. Não seria bem um feriado para um dedicado pai de família, mas a materialização do Inferno, incluindo os capetinhas. Em se tratando dos não-casados, mas com um relacionamento fixo, alguém deve ter sorte o suficiente de ter uma namorada (ou namorado) chata no banco do passageiro, é claro, reclamando. No caso das apresadas, "se a gente tivesse saído naquela hora, já estaríamos lá, saco!". Já no das postergadoras, "a gente devia ter esperado um pouquinho mais pra sair, saco!". Pior que a reclamação, só a greve de amor na chegada. Nada que um porre não resolva. Ou, no caso das sado-masoquistas, uma bela bofetada.

Ou então tem aquele grupo de rapazes solteiros, descendo pra praia, loucos pra sair pegando todo mundo, caso que poderia até ser aplicado a mim em alguma fase eventual da vida, mas serve para alguns de meus amigos que agora estão curtindo no Boqueirão de Long Beach querendo encontrar a fina flor, mas só devem estar vendo canhão. E por falar em pegar todo mundo, provavelmente isso é uma coisa que não vai acontecer e, se acontecer, dificilmente vai ser aquela conquista de trazer boas lembranças. Muito pelo contrário. Já cansei de ver amigo meu (às vezes até eu mesmo) passar o feriado inteiro em cima de uma morena - pode ser loira, ou até mesmo oriental, já que tenho tantos conhecidos aficcionados - e no final, quando vê que a vaca tá indo pro brejo, que a retranca é intransponível e que nem o Romário de 94 balançaria as redes de forma digna, deixa essa mesma dignidade de lado e acaba apelando. O resultado: agarra até pesadelo e chama de sonho colorido e é capaz de lamber prego achando que é sorvete. Nesse caso é preferível ficar só na mão. O que, de qualquer forma, é o que vai acabar acontecendo.

Viajar nesse feriado de 15 de novembro? Não, obrigado. Pelo menos não dessa vez, já que de tantas dessas a gente acaba calejado. E um ócio de vez em quando faz bem, senão não teria escrito isso agora. Mas até que é divertido, pois o importante na vida mesmo é ter história pra contar, mesmo que seja escabrosa. Afinal, de que adiantaria sua vida ser um livro aberto se a história for um pé no saco?*

* agradeço a algum grande redator da Almap por me inspirar essa frase, provavelmente título de algum anúncio da Volkswagen que eu não me recordo agora qual
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(texto originalmente postado em 13 de novembro de 2005 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Paranóias Psicóticas - A tragédia do pão com manteiga

Pegue um pão. Depois, o pote de manteiga. Aí, para cortar o pão, você vai precisar de uma faca. Depois, para passar a manteiga no pão, você vai precisar ainda de um outro tipo de faca.

Com o pão com manteiga pronto, o que você faz? Com certeza come. Ou então dá para alguém comer.

E o que sobra? Sobram duas facas.

Mas o resultado dessa matemática não é tão simples assim. Duas facas ali, sobrando em cima da pia, nas mais paranóicas mentes, são dois assassinatos em potencial.

Imagine você, dona-de-casa, fazendo o lanchinho para o seu filho levar pra escola. Pense também no seu filho assistindo a um desenho tipo Comichão e Coçadinha - aquele do gato e do rato que se matam violentamente e que o Bart Simpson adora.

O palco para uma grande tragédia familiar está montado.

Minha senhora, imagine só. Você, na mais pura inocência de um doce coração materno, pega o pão com manteiga e vai até o quarto do pequerrucho buscar a lancheirinha dele. Nesse momento, chega a mais perigosa armadilha da programação infantil da televisão: o intervalo comercial.

Entediado com o "Olhou tem que levar" daquele imbecil das Casas Bahia, quando mamãe sai da cozinha, filhotinho vai até lá. Vê as facas livres, leves e soltas em cima da pia. No mesmo momento, vem o flashback do desenho violento.

Sabe aquelas mães desesperadas dos Estados Unidos, tão escandalosas que fazem uma criança de 2 anos ser presa por assédio sexual? Ou aquelas que se organizam em dezenas de gordas senhoras e fazem campanhas para censurar os filmes do James Bond da televisão, porque a influência do 007 - um garanhão de nascença e que não perdoa uma, além de possuir a nobre licença para matar - vai fazer seu jovenzinho espectador querer virar um promíscuo?

Pois então. Bem em tom macabro e doentio, típico daqueles filmes B de terror em que crianças em transe matam todo mundo, a primeira coisa que viria à cabeça do meninote seria a associação: "Hummm, sangue engraçado! Dor divertido!"

Então, o menininho vai até a pia e pega as duas facas.

Exatamente na mesma hora, a pobre e indefesa mãezinha vai caminhando lenta e levemente do quarto da criança em direção à cozinha, com a lancheira equipada a tiracolo, pensando "Será que o tchutchuco vai gostar do lanchinho que mamãezinha preparou com tanto carinho?"

Enfim, a pobre figura materna entra na cozinha. Dá até pra ouvir a trilha do Psicose, obra-prima de Hitchcock, na famosa cena da morte no banheiro. E não é de se espantar: logo se escuta um grito aterrorizante da pobre mãe, que ecoa pela vizinhança toda.

Dentro da cozinha, o filho, com imensa dor na consciência, chora copiosa e desesperadamente: "Desculpa, mãe! Eu não sabia! Eu não sabia! Foi sem querer!"

E, surpreendentemente, a mãe responde, esbravejando: "Geraldinho, meu filho! Eu falei que as facas ficam na gaveta de cima! Não é pra guardar na gaveta de baixo! E que isso não se repita!" - e dá-lhe biliscão no coitado do moleque.

(texto originalmente postado em 13 de junho de 2005 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Introdução à Poesia

Antes de começar, essa é uma referência aos companheiros de noites fracassadas no msn, Marcocô e Lavignatti (sempre eles). Esse dias, vieram me apresentar uma menina que os dois estavam xavecando via messenger.

E eu, pra sacanear, comecei a fazer uns versinhos irritantes, fazendo as rimas mais absurdas com o nome da garota. Vale aquele ditado: "Se eu não pego ninguém, meus amigos é que não vão pegar". Depois eu percebi a minha habilidade e usei o dom para galanteios. Aí deu nisso: peguei gosto pela coisa.

Agora agüenta:

MINHA VIDA EM VERSO E PROSA
(SEM A PARTE DA PROSA)


Dizem que fazer versinho
É uma coisa bem bonita
Mas quando nego exagera
Tem hora que irrita

Só que eu sempre tenho idéia
Penso nuns treco esquisito
E inventei um site besta:
o "Não penso, Logo Insisto"

Depois de tanto dissertar
Diferente recomeço
Não vou falar de situação
vou mandar logo um verso

Começo do começo
Sem pressa e sem ganância
Vomitando idéia besta
desde os tempos de infância


Quando eu era criança
Olha que coisa engraçada
Não brincava de balança
E só fazia coisa errada

Um dia eu acordei
E pensei "como é que pode?"
Olhei bem pra empregada
E pro seu grande bigode

Eu chamei a minha mãe
E perguntei encafifado
"Ela é mulé bem feia
ou é viado disfarçado?"

Minha mãe ficou perplexa
com tamanha presepada
Me mandou foi pro castigo
e deu muita chinelada


Passou tempo e cresci
Mas a história não mudou
Cresci só no tamanho
E a bobeira continuou

Mas como tudo na vida
Isso deu pra adaptar
Eu virei publicitário
pra viajando trabalhar

Agora eu paro e penso
Que eu ignorei a métrica
Por isso que está saindo
essa monstruosidade tétrica

Mas eu ainda vou mais longe
Chego até no infinito
E é por isso que eu escrevo
no "Não Penso, Logo Insisto"

(texto originalmente postado em 21 de abril de 2005 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Lamúrias e mais lamúrias...

(Mas pelo menos tem charadinha no final)

Estômago virado é um dos grandes males da humanidade. Principalmente quando ele surge do nada, após um dia disciplinado, uma ótima noite de sono. Se surgisse após uma noite louca, cheia de atrações etílicas e só com duas míseras horinhas de sono, nada mais justo, ainda mais porque a causa foi proporcionada por bons momentos. Mas assim, por nada, deve ser alguma espécie de ira divina ou, como diria o Chaves (Chavo del Ocho, para los muchachos de Mexico), é tudo culpa do espírito zombeteiro.

Mas o pior não é isso. É estar com uma sensação absurda de ressaca, apenas quatro dias após a última bebedeira, que foi leve. Sonolência, leve dor de cabeça, gosto de meia na boca e uma sensação abrupta de enjôo - não, eu não estou grávido.

E o mais legal: tô sem grana, querendo economizar pra conseguir viajar no feriado, e trouxe comida de casa. Primeira opção, um macarrão de duas semanas atrás ou a pizza de ontem à noite. Tudo, aliás, coisas que fazem muito bem para o estômago. Mas como já tá tudo ruim mesmo, vou tentar ver se aquela lei matemática funciona na vida real: menos com menos dá mais. Meu estômago tá uma nhaca (-). Macarrão velho com molho de tomate ácido ou pizza gordurosa (-). Multiplica um elemento com o outro, o resultado tem que dar positivo. Resumindo: vou me curar!

Esse é o retrato de um dia que está começando "bem". Aliás, essa pequena seqüência de pensamentos desafortunados serviu para eu lembrar de uma coisa importantíssima, uma constante na minha vida. Se um dia começa muito mal, no final acontece algo que faz eu me dar muito bem. Não me pergunte o quê. Assim como para um dia que começa estupidamente bem, sempre acaba dando merda no final. É a lei da média. Ou da mérdia. Mas tudo o que eu queria ir embora aqui da agência hoje. Semana curta antes do feriado, nenhum job pra redator - isso que dá ser rápido, criativo e eficiente... hehe - o jeito é tentar inventar uma desculpa ou até jogar a real e ir pra casa dormir. Pensei até em aproveitar o tempo livre e fazer uns "fantasmas" pra incrementar o meu portifólio, mas só consigo pensar em antiácido. Quem sabe surge alguma coisa até o fim do dia? Mas pelo andar da carruagem, tá mais pra eu me trancar no banheiro e dormir do que ter uma idéia sensacional. Que vontade de assistir Sessão de Tarde e depois ver Malhação!

Mas voltando ao assunto, nada como não ter assunto e ficar aqui escrevendo a esmo pra ver se o tempo passa mais rápido. Ou então, debruçar babando na impressora aqui do meu lado pra ver se o patrão nota minha cara lavada e desgraçada de um pobre coitado indisposto e me recomenda ir pra casa descansar. Já experimentei dar uma volta no quarteirão, passar trote, ouvir toda a discografia dos Mamonas Assassinas, mas até agora nada. Estou aqui já há duas horas, mas é como se estivesse há cinco. Uma ressaca sem bebida e sem história pra contar. Tô até pensando em inverter: beber o dia todo no trabalho e ficar sóbrio na balada. Quem sabe funciona?

Hoje é um dia clássico para justificar o nome da página: não tô conseguindo pensar em nada, mas tô aqui insistindo em escrever. Por isso, pra finalizar, uma charadinha ótima que meu irmão me contou ontem:
Se em um hotel, cada um dos andares recebeu o nome de um estado do Brasil, como chama o elevador?
Enviem suas respostas.


(texto originalmente postado em 19 de abril de 2005 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Como falar a verdade de mentirinha sem nunca mentir de verdade

(ou Manual Técnico do Cinismo)

Se você pensa que cachaça é água, com certeza tem alguma coisa errada com a pinga que você anda bebendo. Ou então já enxugou tanta garrafa de 51 que já nem sente mais o que põe na boca. Mas não é só em coisas estranhas que você coloca na boca involuntariamente (ou não, tudo depende de um ponto de vista mais liberal e moderninho) é que está a complicação. O importante é tomar cuidado com as coisas que saem da sua boca. Nem tanto com o quê, mas em como. Das duas uma: ou isso afunda você em encrenca ou vai te safar. Não é a intenção ensinar você a mentir, mas sim, mostrar como proferir verdades mascaradas que cumpram bem o papel.

Um caso típico é, se você é um rapaz que namora ou se relaciona há tempos com uma garota. Até casado vale. De vez em quando você pode sentir a necessidade ou até mesmo uma vontade súbita, graças àquela sua vizinha nova ou a sua colega de trabalho mais safadinha, de dar uma escapadela. Não que eu queira induzir você à traição ou querendo fazer de você, minha querida leitora, uma corna. Isso é só um exemplo. Se pintar a vontade de pular a cerca e não tiver mesmo jeito, prefira fazer isso durante o dia. Porque se for durante a noite, você corre um grande risco de, finalizado o coito, acabar dormindo. É aí que verdadeiramente mora o perigo, porque as mulheres associam o sexo a dormir juntos. Provavelmente, se a patroa ficar desconfiada, a primeira coisa que ela vai te perguntar é "Adolfinho, você dormiu com aquela sirigaita?" Aí você, na maior das serenidades, responde tranqüilamente que não. Você não vai estar mentindo, não é verdade?

Mais grave é a situação típica do ambiente de trabalho. Seu chefe pede um serviço importantíssimo e que precisa de tudo pronto em duas semanas. Mas você, muito ocupado com o orkut ou assistindo ao vídeo do Sanduíche-iche, não dá a mínima para o que ele fala. Quinze dias depois, toca seu ramal. É o chefe: "Adolfinho, a quantas anda o levantamento de dados para o balanço mensal da empresa?" Sentido já o traseiro atingido pelo sapato italiano do patrão, você tem uma idéia sensacional: "Já estou mandando por e-mail para o senhor". Numa jogada de mestre, abre um arquivo de Excel em branco, salva com um nome técnico qualquer e envia. Ao receber, o chefe novamente liga, diz que o arquivo vem em branco e vai na sua mesa conferir. Quando ele chegar, basta usar seu talento e gritar desesperado "Eu não acredito! O arquivo está em branco!" (note que nessa frase não há mentiras, pois o arquivo está mesmo em branco)

Momentos depois, o suporte técnico das empresa vai à sua mesa, passa o antivírus e reformata sua máquina para tirar uma provável praga desconhecida que teria apagado seu trabalho. Com seu computador fora de ação, o chefe é obrigado a pedir para seu colega fazer em dois dias aquilo que você teve quinze pra fazer e não fez. E depois, é bem capaz de dizer: "Adolfinho, você tá sem máquina, passou por um stress muito grande... vá pra casa descansar!" E tudo isso sem precisar mentir. Tudo bem que essa não é uma ação a ser executada por um iniciante qualquer. Tem que ter estrada. Afinal, você vai ter que utilizar o máximo do seu talento de representação e o seu refinado cinismo com precisão milimétrica. Mas ninguém vai poder te chamar de mentiroso.

Em tempos de aquecimento global e com o fim do mundo a espreita, as questões existenciais estão em voga. E depois dessa agradável leitura, algum Adolfinho com certeza vai perguntar: "Como eu não tô mentindo, se eu fizer tudo isso eu vou pro céu?" É bem provável que não. Afinal, você pode não ser um mentiroso, mas é um canalha, safado, desgraçado e mau-caráter. Por outro lado, se você tiver essa habilidade toda, é bem capaz de conseguir enrolar o próprio Deus.

(texto originalmente postado em 6 de abril de 2005 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Interlúdio completamente inútil

"Via-me aos poucos sendo ferozmente induzido rumo ao elo perdido da mais profunda imensidão superficial. Perguntava a mim mesmo se essas pulsações eram realmente verdadeiras ou se tratava apenas de um monumental enigma cérebro-corporal que, ao vislumbrar a figura de uma dama ardentemente desnudada logo adiante, "eretizava" o corpo e embaralhava a mente".

Nada como um parágrafo redundantemente rebuscado para complicar o que em apenas algumas palavras, pode ser resumido: "Mulher é foguete". - Foguete? Bom, talvez crianças leiam isso e aprendam a dizer foda, que é um palavrão muito e muito feio. Muito foda isso. Por isso troquei foda por foguete. Se bem que se alguma criança ler isso e vir o lançamento de um foguete na TV, vai gritar "Manhêêêêê, tão lançado uma foda pro espaço!!!" - Retomando o ponto, a complicação para explicar ou lidar com o simples é exatamente a forma favorita com as quais nossas belas fêmeas dispõem para torturar a nós, reles machos.

Mas deixa tudo isso pra lá, porque a intenção de tudo isso é confundir todos vocês, já que hoje estou num marasmo danado, sem criatividade nenhuma e eu tenho a mais completa noção de que é impossível tentar escrever alguma tese tentando entender o funcionamento da complexa figura feminina que, ao mesmo tempo em que tem o dom de encantar a nós, pobres homens, tem a capacidade igualmente devastadora de fritar o nosso cérebro em milésimos de segundo. E sem óleo, pra grudar no fundo da frigideira.

Na verdade, é apenas uma gracinha para tentar esconder a piadinha do foda, que é uma porcaria, só que eu achei ótima. Vou ser repetitivo, mas basta olhar o título dessa página: "Não Penso, logo Insisto". Entendeu? E pra completar, é começo de ano, muito calor, tudo devagar e os neurônios ainda não se recuperaram da manguaça do reveillon. Só podia dar nisso.

Nada contra a mulherada. Pelo contrário, tudo a favor. Concordo em gênero, número e grau com o que já dizia um poeta clássico-modernista com traços contemporâneos:
"Mas só num pode acabá com as muié,
nóis não vive sem muié,
nóis é doido por muié".

É, meus amigos, tem dia que de noite é foda.

(texto originalmente postado em 6 de janeiro de 2005 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Válido para todos os Reveillons

Mais um ano vai, outro ano vem. O tempo passa, o tempo vôa, tanto é que a poupança Bamerindus nem existe mais. Virou HSBC e não tem mais aquele barbudinho simpático da propaganda que fazia a gente acreditar que banqueiros eram caras legais e bem-intencionados que só querem ajudar.

O que virá pela frente? Não dá pra saber. Mas com certeza é de conhecimento geral que existe um chamado recesso entre natal e carnaval em que não sabemos identificar se é ano velho ou ano novo. O certo é que tudo acaba antes do dia 24 de dezembro e só começa pra valer a partir da quarta-feira de cinzas. E tem gente que leva isso altamente a sério.

Tenho um conhecido, talvez um primo (jamais revelo fontes), que durante alguns anos seguiu à risca e sem falsos-moralismos esse processo. Pode-se até dizer que trabalhava duro, mas chegava dezembro e o sacana dava um jeito de ser demitido amigavelmente - recebia o 13º, fundo de garantia, seguro desemprego, férias, entre tantos direitos - e fechava dezembro feliz da vida com dinheiro no bolso. Distribuía presentes a rodo no Natal, viajava no Reveillón e curtia plenamente o verão em janeiro. Até que, a medida que se aproximava o carnaval, começava a mandar currículos. Passada a folia, batata: em março recomeçava a trabalhar.

Tudo foi de bem a melhor por vários anos até que o nosso amigo Murphy, autor daquela famosa lei, resolveu intervir. Em um final de ano, este ilustre rapaz acabou demitido por justa causa e só foi arrumar outro emprego quase um ano depois. Isso reforça a minha teoria de que uma hora a putaria acaba. A não ser que você seja político. Ou então o Romário. Tá bom, o James Bond também pode entrar na lista.

Mas fala a verdade: quem aqui nunca sonhou em trabalhar 9 meses e meio por ano, fazer o que bem entender nos outros restantes - fora os finais de semana - e nunca faltar grana? Tudo bem, tudo bem. Acho que quando se trata de sonho, a parte relativa ao trabalho está completamente fora. Sonho mesmo é acertar sozinho na Mega Sena acumulada e nunca mais trabalhar na vida.

Já que o assunto é sonho, fim de ano sempre tem aquela coisa de promessa, planos e projetos que, na maioria das vezes, são esquecidos com a ressaca do dia 1º de janeiro. Tem gente que fala que vai emagrecer, que vai fazer academia, que vai ajudar os pobres, que vai parar de beber ou que vai finalmente tomar juízo. Eu já sou mais realista: meu plano para o ano que vem é arrumar mais tempo pra dormir. Sendo assim, proporcionalmente eu ganho mais tempo para sonhar. Não dizem por aí que só alcança grandes objetivos quem sonha muito? Pois então, dormir vai ser o primeiro passo rumo à minha realização como ser humano.

Mudando um pouco a linha de raciocínio, para quem sempre passa a virada do ano na praia, tem sempre aquele negócio de pular 7 ondas e fazer um pedido em cada uma delas. Façam como eu.
Na primeira onda, vou pedir pra que nenhum bêbado desgraçado me derrube na água antes da 3ª onda. Não agüento mais isso! Da segunda até a quarta onda, pretendo utilizar 3 desejos ótimos que aprendi assisindo o Pica-Pau: "Dinheiro... Iates... Mulheres...". Por falar em Pica Pau, acho que na quinta onda vou pedir pra nunca descer uma catarata a bordo de um barril - sempre é bom se garantir. Sexto desejo: o mundo pode até acabar, desde que não falte cerveja e tremoços. Sétimo desejo: mais 7 desejos, por favor. E o primeiro pedido dessa nova série vai ser mais tempo pra pensar nos outros 6. De preferência depois do carnaval, porque é quando o ano realmente começa, não é verdade?

Para o ano que vem, você pode ter muitos planos, mas com certeza 5 coisas nunca vão mudar:
1 - As segundas-feiras, assim como o João Kléber, continuarão insuportáveis.
2 - Vai falar pra Deus e o mundo que o Big Brother é uma merda. Mas não vai perder um capítulo.
3 - Se alguém famoso morrer, você pode até ficar triste. Mas no dia seguinte já vai estar fazendo piadinha.
4 - Quando o seu time perder, foi porque o juíz roubou. É a única explicação lógica.
5 - Na virada para o próximo ano, você vai se arrepender de tudo o que fez no ano que está acabando e vai prometer fazer tudo diferente no ano que vai chegar. O pior é que você vai saber que está mentindo.

Agora chega, né? Prometo que no ano que vem continuarei não pensando, mas prosseguirei insistindo.
Boas festas pra todo mundo, encham a cara, dêem vexame e depois justifiquem dizendo que faz parte do "descarrego". Não tem jeito, fim de ano todo mundo é supersticioso. Só não digo que vou entrar no ano novo com o pé direito porque pretendo continuar a ter as duas pernas.

(texto originalmente postado em 21 de dezembro de 2004 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Ode ao Bidê

Eis aqui uma justa homenagem a um aparato de porcelana, cerâmica ou sei lá o quê (só sei que não é de madeira), que habita muitos e muitos sanitários de residências, sejam elas familiares ou promíscuas. Ou promiscuamente familiares. Ou familiarmente promíscuas.

Ele geralmente fica lá, bem ao lado da privada, agüenta cheiros firme e forte, serve até de suporte de papel higiênico para os preguiçosos que não o colocam no rolo. Mas ainda assim, ninguém nem dá bola pra ele. Alguns chegam até a removê-lo para aumentar o Box do chuveiro ou então para colocar uma banheira de hidromassagem.

Por essas e outras, aqui vai uma homenagem quase póstuma para esse artefato que, queira ou não, já fez parte de muitos momentos inesquecíveis.

ODE AO BIDÊ

Vive em um lugar fedido
E ainda assim se mantém frio.
Fedorento é o vizinho,
Mas nele ninguém repousa os glúteos,
Só os cadernos do jornal que não são de esporte.
Praticamente um inútil!

Bidê
Na voz dos Jacksons Five
"I'll Bidêêêêêê, I'll Bidêêêêêê"

Bidê
Praticamente um bombeiro
Naquelas horas difíceis:
- Manhêêêêê! Acabou o papel!
- Usa o bidê!!!
E ele cumpre sua heróica missão.
Mas em troca só recebe:
- Ai, que geladinho!

Bidê
Esse é o grande reconhecimento
De quem faz o serviço sujo.
Mas só de vez em quando,
Porque na realidade não faz nada mesmo.

Bid... Peraí!
E não é que se eu tirar esse troço do banheiro posso colocar uma banheira?
É.

Bidê
Foda-se o Bidê.

(texto originalmente postado em 28 de outubro de 2004 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

A besteira é a base (associada) da sabedoria

Esses dias um amigo me perguntou como é que eu consigo pensar em larga escala uma alta quantidade de besteiras sem uma motivação aparente. Isso me pegou de jeito e me colocou pra pensar: "É mesmo, como isso é possível?" Aí lembrei de uma coisa muito importante e que, na minha condição de redator publicitário, é minha obrigação saber. Associação. Nosso cérebro funciona por asociação. Daí se explicam as técnicas de destravamento mental de redatores naqueles dias de branco em que a vontade é se trancar no banheiro e dormir, como brainstorm, mapa mental, entre outros.

Até aí tudo bem. Mas no que isso motiva a geração de tantas besteiras ou coisas aparentemente sem sentido em um pobre cérebro desorientado como o meu? Pois hoje resolvi mapear e acompanhar passo a passo como essas associações acontecem até sair um pensamento non-sense que nem Deus na sua onipotência é capaz de acreditar.

Vamos começar de algo simples, para que pessoas com raciocínio mais lerdo possam acompanhar a evolução da besteira em sua essência até alcançar a sua plenitude: todo mundo, seja religioso ou não, seja freqüentador de igreja, seita ou algo do gênero - ou não -, já deve ter ouvido a frase "Deus é amor".

Passando para uma outra linha de raciocínio, deixando de lado o cunho espiritual, vamos agora falar de gastronomia, no sentido mais amplo que essa palavra pode ter. Vamos pensar naquele dia em que você vai almoçar no restaurante por quilo do lado do seu serviço ou até mesmo em um PF, sabe como é, economizar uma grana e ainda ganhar um suquinho grátis. Depois de encher o bucho, lá vai você pagar a conta, mas sentindo a necessidade de ingerir algo doce para complementar a saciedade. E você, louco por paçoca, bate o olho naquele quadradinho amarelo com um coração no meio, bem ao lado da seção de chicletes. A famosa paçoca Amor (até inventaram um bombom com essa paçoca, mas ficou uma porcaria). Você compra a paçoca Amor, você a saboreia, mastiga, engole e, ao fim, tem a sensação de que está em outro mundo, flutuando, como se estivesse no céu. Bem pertinho de Deus.

Depois, você com certeza vai pensar: "Se Deus é amor, logo Deus é uma paçoca". Com isso, fica claramente perceptível o quanto é impresionante a capacidade que dois pensamentos ou sensações que aparentemente não tem nenhuma relação entre si, se associados, podem culminar em uma coisa tão genial. Por falar em Deus, alguém lembra do desenho do Droopy em que ele aparece em todos os lugares que o coitado do lobo vai para fugir dele? Pois bem, dizem também que Deus está em todo lugar. A conclusão disso é que Droopy é Deus. E como Deus é uma paçoca, Droopy também tende a ser uma paçoca.

Agora um pequeno exercício. Hoje eu acordei pensando em sandálias havaianas. Pensamento vai, pensamento vem e, ao fim, acabei pensando na mancha da careca do ex-presidente soviético, o nosso amigo Gorbachov (ou seria Gorbachev?).
Aliás, por falar no Gorba (mais um exemplo de associação), lembrei de uma série de trocadilhos soviético-comunistas que coloquei dias atrás no orkut:

"Futebol Comunista
Na pelada em comemoração ao primeiro aniversário do Manifesto Comunista, a torcida compareceu em peso pedindo para que Karl Marx um gol.
Anos mais tarde, a pelada teve que ser adiada, porque toda vez no campo do Gorbachov.
E a tradição do futebol dos camaradas foi quebrada porque disseram que o gramado sempre Stalin más condições."


Trocadilho é mesmo um vício desgraçado. E só quem faz é que acha graça. Mais uma vez, por isso que o nome disso aqui é "Não Penso, Logo Insisto". Mas voltando ao raciocínio interrompido, vamos descobrir qual o caminho que o meu tortuoso cérebro tomou para, de sandálias havaianas, chegar na manchinha da careca do Gorbachov (ou Gorbachev?):
- Sandálias havaianas me lembram descanso. Descanso me remete à expresão relax. Quando penso em relax, lembro daquelas casas com a plaquinha "Relax for man". Obviamente, Relax for Man me faz pensar em mulheres nuas. O que me lembra que, às vezes, mulheres nuas usam biquini para variar um pouco ou para não pegarem resfriado. E não dá pra pensar em biquíni e não falar de praia. Pensando em praia, lembro um dia na Praia Grande em que meu tio, que odeia gatos, acertou uma chinelada a 50m de distância em um bichano que berrava às 5 da manhã. Já que o assunto é gato, gato gosta de comer passarinho. E o passarinho mais comum nessa cidade suja que é São Paulo, é pomba. Pomba vive fazendo cocô na cabeça das pessoas. E se a pessoa atingida for careca, a cagada pombal fica igual à manchinha da careca do Gorba.

Realmente não penso. Por isso que insisto tanto. Prometo melhorar nas próximas edições. Vale lembrar também um recado importantíssimo que a Al-Qaeda mandou ao mundo através da Al-Jazeera:
"Não odeiem Bin Laden. Afinal, ele Osama"

(texto originalmente postado em 1o. de setembro de 2004 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Não Penso, Logo Insisto - A Grande Revelação

Diferentemente do que costumo publicar aqui neste meu espaço, o famoso e venerável "Não Penso, Logo Insisto", este texto que segue não tem piadinhas, gracinhas ou nada parecido - talvez essa possa ser a própria piada, tamanha a ironia. O que vocês estão prestes a ler me ocorreu com um raio súbito de compreensão há quase um ano e que, mesmo sem sentir o movimentar desses meus dedos, me fez escrever essa carta aberta pra mim mesmo, que agora foi-me ressuscitada por uma doce, terna e pura alma. Mas pode servir pra vocês também.

De mim pra mim mesmo.
(E pra você também)


Estava à toa na vida, o meu amor me chamou...

... e então de repente descubro que não estava tão à toa assim. Embora às vezes as coisas pareçam sem lógica, no fundo tudo tem um sentido. Uma razão nada racional. Algo que se vê, se ouve, se sente. Mas não existem palavras para explicar. É algo que simplesmente vem e, se você não deixar levar, aí sim tudo fica vazio.

Mas o vazio não significa o nada, assim como o nada não quer dizer vazio. Basta saber ouvir aquela voz - aquela mesma que sempre grita lá no fundo da sua alma, querendo ser ouvida - e entender o que ela diz. Basta olhar pra dentro, enfrentar os seus fantasmas, principalmente aqueles que você mesmo criou. Basta tentar enxergar que se consegue ver. Então você entrará em contato com a força que age silenciosamente e, no seu fluxo, a impressão é que nada se faz e, ainda assim, nada fica sem ser feito.

Não se sabe quando, nem onde e nem como. O que se sabe é que simplesmente é. É a certeza de que, não importa o fim, tudo retorna ao princípio. Quando algo chega ao seu final, significa que muitas outras coisas estão apenas começando.

Seria esse o segredo da imortalidade? O segredo da vida?

Quer a resposta?

Bem, a resposta ninguém vai te dar. Pra quê passar a vida esperando um Salvador se a única pessoa que pode fazer realmente alguma coisa por você é você mesmo? A verdadeira mudança, a real e genuína transformação, só existe se parte de dentro. De dentro de você. É uma caminhada longa. E você vai saber que o caminho está certo quando ele segue pra dentro. Mude o seu mundo interior que o mundo todo se transforma pra você.

Você tem a vida, você vive! E, ainda assim, não percebe a dimensão deste milagre!

Um dia você vai descobrir que os opostos não são inimigos e nem eternos adversários. São apenas as duas partes de um todo. E uma parte não existe sem a outra. Como Adão e Eva, o bom e o mau, a alegria e a tristeza. Assim como o Yin e o Yang. Nada é tão ruim que não tenha seu lado positivo. E nada é tão plenamente bom que não tenha também os seus efeitos colaterais. Pra que tantos conflitos se tudo nasceu em tão perfeita harmonia?

Fatos são fatos. Frios. Imutáveis. E, sobretudo, inevitáveis. A diferença está em como olhamos pra eles, como reagimos. Bons ou ruins? Alegres ou tristes? Que seja! Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Não há nada tão descomunal que não possamos compreender. E não há nada tão insignificante que não possamos tirar algum aprendizado.

Você um dia também vai perceber que a linha que separa o que você chama de sonho do que ousa dizer que é realidade é muito, muito tênue. Isso se ela realmente existir. E que os seus limites é você mesmo quem cria. Tanto é que sempre que ousa ultrapassar um deles, você descobre que pode ir ainda mais longe. E sempre que isso acontece, vem aquela sensação, mesmo que por milésimos de segundo, de que você é muito mais do que imagina, que pode ir simplesmente aonde quiser. Então, você tem a certeza de alcançar o que parece inatingível, mas que, na realidade, sempre esteve e sempre estará ao seu alcance. Bem debaixo do seu nariz.

Cada um tem a sua própria verdade e ela está aí mesmo, dentro de você.

Pode até parecer ridículo, mas um dia você também vai entender o que antes absurdo: o tempo passa, volta e ainda não começou; ele não existe e, mesmo assim, é infinito.

Pois é. Só sei que foi assim.
Ainda quer a resposta?

Essa é uma descoberta que só cabe a você. Aí, quem sabe, você possa enxergar e vivenciar uma existência mais completa, harmoniosa e em sintonia com o todo. O mesmo todo que existe em você, em mim e em cada um de nós. Que nos une, nos faz frágeis e ao mesmo tempo, poderosos; que nos faz sentir e ter a certeza do amor incondicional, da unicidade, do mais perfeito equilíbrio. E então você compreende que a vida é uma coisa que não foi feita para ser explicada. Foi feita para ser vivida.

Então você finalmente aprende que o controle não é algo a ser conquistado, mas sim uma coisa da qual precisamos saber abrir mão.

Essa sim é a mais verdadeira liberdade.

E o dia que chegar a essa compreensão, não espere que alguém confirme para você. Você simplesmente vai saber.

(texto originalmente postado em 1o. de fevereiro de 2007 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Não Penso, Logo Insisto - O começo

Pra começar, vamos pela essência. "Penso, logo existo". Isso até virou chavão e tem muita gente que vomita isso por aí sem saber na verdade o significado. Só que a essa hora da madrugada (3:46 da manhã de 28 de agosto de 2004), a cabeça já não funciona tão bem. E, parafraseando o meu próprio título, não consigo pensar direito, mas insisto em escrever.

Mas na verdade isso não tem nada a ver com o intuito disso aqui. Intuito, aliás, que segue a linha Jerry Seinfeld: O melhor blog sobre nada. Ou seja, é um espaço para as minhas divagações noturnas ou naqueles momentos de ócio em que, de repente, dá uma vontade maldita de escrever, em que as mãos até formigam até que eu comece a catar milho aqui no teclado do meu velho PC.

Estou estreando nesse mundo de blog. Na verdade, nunca fui chegado a essas coisas internéticas. Talvez sem motivo óbvio, talvez puro preconceito mesmo. Mas como o meu ímpeto escrevetício e a capacidade imensa de pensar inúmeras besteiras ao mesmo tempo são mais fortes do que eu, enfim dou meu braço a torcer. Hoje estou meio fracassado, com os olhos virados e salivando em demasia. É só mesmo um número de estréia. Mas aguardem, pois em breve o show vai começar.

Pra não passar em branco, alguns trocadilhos e frases infames: aliás, você gosta de piada infame? Eu prefiro inlorenzetti. O importante é que o tempo, assim como a uva passa. E a vida, assim como a surda-muda. E nunca se esqueçam: quem com ferro fere é porque ainda não aprendeu a passar roupa.

Falei, falei, falei e não disse absolutamente nada. Bom, o importante é que você leu. E que assim seja de hoje em diante.

(texto originalmente postado em 28 de agosto de 2004 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)