quinta-feira, 5 de abril de 2007

Verde pra mim, laranja pra você

A Física Quântica, a Neurociência, o Budismo e algumas escolas da psicologia, entre outros setores de estudos e sabedoria, concordam que quem de fato cria a chamada realidade lá de fora é a nossa própria mente. O que vemos não é o mundo de fato, mas a nossa própria representação, de acordo com nossa percepção, experiência, mapas, filtros, crenças e até mesmo limitações inerentes ao nosso estágio evolutivo.

Imagine só: o cérebro humano processa mais de 400 milhões de bits de informação o tempo todo. Mas a nossa consciência estúpida, limitada e que se acha tão dona de si, "enxerga" apenas 2 mil bits disso tudo. Dá pra imaginar o que tem aí fora e que não conseguimos perceber? Dá pra imaginar todo o poder e potencial à nossa disposição e que não nos damos conta?

Isso abre uma gama de possibilidades, desconcerta visões, conceitos, paradigmas e deixa de quatro e ancas abertas formas de pensar que antes eram dominadoras e tidas como verdades absolutas. As implicações filosóficas deste e de outros fatos ligados à essência da realidade é realmente aterradora.

Tantos fatos novos e revolucionários e a idéia de que cada pessoa tem a sua própria representação do que temos no mundo externo. isso nos leva a pensar, não? Pense então no absurdo que deve ser. Se cada pessoa tem sua própria visão, surge a possibilidade de que cada ser humano vê coisas absurdamente diferentes um do outro.

Por exemplo, a camisa que eu estou usando é meio branca, meio azulada, mas que frescos que dizem manjar de moda e de assuntos relacionados ao mundinho fashion dizem que é gelo (gelo tem cor desde quando?). Não, isso vai causar certa confusão. Então vou falar da camiseta que eu usava ontem, que é vermelha.

Eu digo que ela é vermelha, assim como meu vizinho, que também diz que minha camiseta é vermelha. Mas pense, eu sei que é difícil, mas pense: o que eu vejo vermelho pode ser que você veja verde, o meu vizinho veja laranja e o Clodovil, azul-bebê. Mas chamamos de vermelho, afinal vivemos num meio comum. Ficou confuso?

Lembra do cavalo branco de Napoleão? Pois eu digo que o meu branco deve ser verde-água para você. Mas a gente chama de branco, porque convencionalmente é assim e, além do mais, sempre vamos distinguir isso da mesma forma, porque aprendemos dessa maneira, ainda que talvez vejamos coisas completamente diferentes. Mas como vamos saber?

Pensemos mais então: se um daltônico de nascença troca o verde pelo vermelho (e vice-versa), alguém, mostrando o verde pra ele, ensinava que, mesmo que o coitado visse vermelho, aquilo ali era o verde. O mesmo acontecendo quando alguém mostrava o vermelho pra ele, enquanto ele via verde, embora aprendesse que na verdade era vermelho. Isso significa que, então, um daltônico não teria desculpas pra passar direto quando o farol está vermelho ou frear abruptamente quando a sinaleira esverdeia!

Pois é. Embora quando eu julgue que quando te vejo, vejo uma pessoa normal, com a pele lisinha e bem cuidada, quando você se olha no espelho pode ver um ser roxo com bolinhas verdes, com orelhas pontudas e, ainda assim, ter certeza que esse é o normal.

Que alguém me prove o contrário!

(texto originalmente postado em 15 de janeiro de 2007 no antigo site: http://kabessabravanel.weblogger.terra.com.br)

Um comentário:

Marcelo Gavini, não-pensante e insistente disse...

Cabeça! É o Danilo, da Cásper, lembra de mim?
Cara...a gente pensa muito igual. e Incrível que eu estava conversando ESSA SEMANA com uma amiga, sobre a percepção, exatamente o que vc escreveu no texto anterior.
A gente precisa trocar mais idéias meu chapa.

Um abraço!

Dan

Danilo Reis - enviado em 2/2/2007 14:10:00


Está correto. É fato. E isso pode mostrar,tb, pq a convivência humana é a grande arte.
O que é inteligência pode ser loucura. Louco pode ser o saudável... (veja o Menino Maluquinho!)
Somos tão diferentemente iguais... Estamos longe e ao mesmo tempo tão perto...
Beijo
ps: reforço os pedidos para q continues escrevendo.

Tati - enviado em 24/1/2007 11:40:00


Gavini, muito bom seu retorno, mas a visão que eu tenho do seu texto pode ser completamente diferente da sua,...
Não espere 6 meses para o próximo.
Abraços,

Sassá - enviado em 17/1/2007 23:56:00


Como dizem os paulistanos....tá da hora!..................depois eu fuço melhor.

Junkie - enviado em 16/1/2007 21:17:00


"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena", disse um mestre que você também conhece. Volte a escrever, sempre. Se quiser trocar idéias, estamos aí.
Parabéns pelo texto e não deixe de enviar, quando achar que deve.
Por tanto pensar, insistes e persistes.
Lerei com prazer!
PS:Sem falar da cerveja, que não esquci!!!

Gislaine - enviado em 16/1/2007 19:32:00


E o pior é que eu às vezes eu penso isso que vc escreveu. E pensar como vc me dá medo.

Weblog : http://www.cotovelares.com
Diego Iwata Lima - enviado em 16/1/2007 09:08:00



Embora tenha lhe contrariado na nossa frutífera discussão sobre o assunto (contrariá-lo, isso é tão divertido, ihihihi - só pra no final, com você já cansado, ouvir dizê-lo: tá bom morrr) sabia que acho que tens razão?
Só assim pra explicar o dia que disse que eu estava linda, quando eu, fantasiada pra uma festa do ridículo, desfilava de saia vermelha pirua e blusa verde limão. Ah, e também só assim pra explicar certas combinações suas, que eu, por imaginar esse tipo de problema na percepção das cores, e com toda a minha fineza, digo: morrr, coloca aquela camisa (a cor varia de acordo com a parte debaixo) que eu gosto tanto!
No mais, eeeeeeeeeeeeeeeee!! E não fique sem escrever, é um desperdício!
Amo-te!

Luciana - enviado em 15/1/2007 23:05:00