segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Brasil e a Bosta

Dois mil e oito foi-se, dois mil e nove já está dando seus primeiros passos e, nesse meio tempo, duas coisas marcaram bastante a passagem de fim de ano. Como tive a honra de, pela segunda vez, passar o reveillon na praia de Copacabana, a primeira bem que poderia ser essa, mas não da forma como a óbvia mente humana é capaz de superficialmente imaginar.

O segundo fato marcante foi que, antes de viajar, pesquisando o 'Sitemeter', um serviço que passa todos os dados das minguadas visitas que este blog recebe, como de onde foram dados os cliques que fizeram o pobre internauta cair nesta página e até mesmo as pesquisas feitas no Google que trouxeram desavisados até o 'Não Penso, Logo Insisto'. Desavisados mesmo. Desde gente procurando a história da "invenção da lamparina", bizarrices como "encoxei minha mãe", passando até por uma surpreendente "promessa de fim de ano da Ana Maria Braga", que eu tenho até medo de saber do que se trata, ainda mais se lembrar que uma simples frase dessa bruxa do louro falante foi capaz de matar o ex-marido da Suzana Vieira.

Fora estes e outras pérolas como "insisto felina mulher", "como chama o fiel escudeiro de Sherlock Holmes" e "blogs com pensamento, sonhos de amor", nenhuma outra pesquisa googlesca trouxe mais gente a este blog em 2008 do que um mal que com certeza afligiu muita gente após a comilança das festas de final de ano. Ele mesmo, o intestino solto.

Nas variações que assumem que a coisa está ficando grave, como em "intestino muito solto" até o tom desesperado na frase "intestino solto, o que fazer" ao lado do botãozinho 'pesquisar', chegando ao perturbador "cueca OR cuecas OR calça OR calças 'intestino solto'". Dá até pra imaginar a situação do cagador (ou cagadora, se bem que mulher jamais assume que caga) digitando alucinadamente a busca no Google suando frio e literalmente com as calças na mão. Ou na lata do lixo.

Isso me leva de volta ao reveillon no Rio de Janeiro, quando em um animado sambão no bairro boêmio da Lapa, o alho frito do frango a passarinho deixou minha namorada, primos e amigos que me acompanhavam na viagem em estado de alerta máximo. Acostumado a esse tempinho chocho da capital paulistana com temperatura de 16ºC em pleno mês de janeiro, tornando possível ler um livro inteiro no banheiro apenas meia hora depois de engolir uma feijoada, com aquele abafa típico que invade até as madrugadas do Rio de Janeiro nessa época do ano, cheguei a uma conclusão aterradora: como é sacrificante a vida de um carioca médio na hora de satisfazer suas necessidades excretoras no auge do verão! Em alguns casos, até mesmo os papéis higiênicos macios e perfumados transformam-se um misto de suor com os restos dos petiscos da noite anterior empapados em uma massa fedorenta que não parece mais ter fim.

E pensar que, durante muitos anos, o Rio de Janeiro foi a capital do Brasil, por onde passaram imperadores e muitos presidentes. Todos eles sentados em seus respectivos tronos, tanto no do gabinete como naquele cercado de azulejos e com um botão de descarga ao lado, mandando e desmandando. Quando a capital mudou pra Brasília, com aquele calor seco insuportável - principalmente quando os militares tomaram um poder com aquelas fardas de tecido pesado - a situação só tenderia mesmo a piorar nas ante-salas e nos toaletes de quem decide os rumos de uma nação.

Será por isso que, seja nos humildes banheiros da periferia, seja nos mais altos escalões da política, brasileiro vive fazendo cagada?

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei do texto.

B.Obama
www.barataobama.com