quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Lamparina, o Rei do Cagaço – Parte I

Tinha tudo pra ser considerado um verdadeiro cabra-macho. Talvez o maior cabra-macho de todos os tempos se não fosse o...
Bom, vamos começar pelo começo.

Alagoano de nascimento, cearense de coração e pernambucano por opção, era um daqueles nordestinos natos. Até o que o ex-presidente almofadinha chamava de ‘aquilo’, o dele era danado de roxo. As meninas remelentas do sertão que o digam. Não tinha noite que o vigoroso rapaz não saía para um rastapé e depois de bater coxa, ralava bucho até dizer “Ai, meu padinho, padiciço! Tô cansado pra porra!”.

Quando não tinha mulher, apelava para a pobre Marilda, a cabrita da família. Numa época em que a bichinha deu cria a dois cabritinhos zarolhos, assim como ele era, todo mundo desconfiou. Afinal, suas andanças noturnas eram constantes. Mas como a zarolhisse era hereditária de pai e de mãe, todo mundo na casa fez vista grossa...

Filho do ‘Sêo’ Zé da Luz, daí o nome Lamparina, o rapaz era abestado que só. Chicoteava o jegue alheio e ninguém se atrevia a reclamar. Era forte como um touro. Tanto é que até os coroné lhe tiravam o chapéu nas encruzilhadas da vida. Tudo porque sua querida mãe, a simpática Dona Didinha, dava desde menino muito fubá com macaxeira para ele comer. E por mais que ouvisse falar muito de aipim, não tinha ninguém que o convencesse que aquilo tudo e mandioca eram exatamente a mesma coisa.

O excesso de força física e valentia era inversamente proporcional à sua quase nula esperteza e inteligência. Na escola, se algum professor tivesse coragem de lhe dar uma nota baixa, ele certamente arrancaria uma tira de couro do bucho com sua reluzente peixeira. Pelo menos era fácil pro corpo docente aplicar-lhe a velada vingança: “Não faz igual esses menino bobo que se acha esperto. Um ano a mais que tu fica em uma série te dá o dobro da inteligência dos ôtro”, lhe dizia o mirrado mas astuto Geninho, professor de matemática e evidentemente especialista em lógica. Dessa maneira fez com que o jovem destruidor cursasse a 5ª série 11 vezes e a 6ª série umas 8. Porém, ninguém teve peito de impedir quando Lamparina quis pular direto pra 8ª série, já que 7 era o seu número de azar.

E foi com muito pesar que, com 30 anos, terminou o primeiro grau e resolveu que não queria mais saber de estudar (surpreendentemente, o índice de meninos surrados e de meninas prenhas caiu de 90% a zero no ano letivo seguinte: oficialmente, era tudo uma mera coincidência, lógico). Afinal, pra que estudo se conseguia tudo o que queria com o poder do muque?

Saiu então para desbravar o sertão nordestino, esbofeteando os homens que ousavam cruzar seu caminho e dando cria nas mulheres das cidades por onde passava. Com o tempo, por causa da valentia e até pelo nome, diziam por toda a região que Lamparina era o novo Lampião. Odiado por uns, amado por outros, mas temido e respeitado por todos.

Mesmo com o sucesso e a fama que já se espalhava pelo Brasil, uma coisa deixava Lamparina triste. A saudade de casa, do ‘Sêo’ Zé da Luz, da Dona Didinha e, lógico, da pobre Marilda era enorme. Mas nada se comparada à que ele sentia pelo fubá com macaxeira. Pilhou restaurantes, plantações e rebanhos inteiros durante sua jornada, só que nada era parecido com aquilo. Não era nenhuma paráfrase de Lulu Santos, mas “eu tô voltando pra casa”, disse ele pra si mesmo. E assim o fez.

Ao ouvir no rádio que as taxas de roubo, agressão e natalidade subiram 3000% de um dia para o outro, Dona Didinha intuiu que Lamparina em breve estaria de volta e tratou de preparar o manjar dos deuses com o qual seu filho há tempos sonhava. O rapaz mal chegou e já devorava dúzias e dúzias de porções do seu prato favorito, ao mesmo tempo em que ouvia por aí que um valentão vindo da capital chegou doido para ter com ele.

A notícia só animou ainda mais Lamparina, que acabou em apenas meia hora com os 130 quilos de macaxeira que sua mamãe lhe prepararia no período de um mês. Nesse mesmo instante, o valentão da capital entrava pela porteira do rancho, com o povo da cidade toda vindo atrás, prontos para assistirem a mais um massacre. Todo mundo sabia que aquele ali não daria nem pro cheiro.

E por falar em cheiro, assim que se colocou à frente do novo adversário, um barulho acossou a barriga de Lamparina e, por suas vias traseiras, um odor de urubu podre colocou à nocaute metade da população do Estado de Pernambuco. Um dos únicos que sobrou de pé era o tal do valentão, que fez um gesto chamando-o para a briga. Estava mais do que claro que um canalhinha como aquele não duraria um minuto nas mãos do até então sucessor de Lampião.

***

E agora? Quanto tempo que o coitado do valentão da capital vai durar nas mãos do implacável Lamparina? Estaria ele preparado para essa que seria a maior cagada da sua vida?

Não perca essas e outras surpreendentes revelações na parte final dessa eletrizante aventura! É só clicar aqui!

5 comentários:

Unknown disse...

Nossa! às 6:25 você postou isso?Acordou "retado" hein? Hahaha.
Vou aguardar ansiosa pelo próximo capítulo!Quero saber o que irá contecer com o Lamparina--pelo que comeu de aimpim,vai ter uma caganeira daquelas!--Hahaha

Tenha um excelente final de semana.Eu por aqui,torço para que não chova,pra que possa desfrutar do meu esconderijo paradisíaco no Litoral Norte.

Beijo!

Junkie Vatapá

P.S: Gostei das "mudanças" . ;)

Anônimo disse...

Até que a fatídica noite deu um bom fruto, rs...
Gostei da historeta!
Continue, continue...
Amo!

Arthurius Maximus disse...

Um belo texto e cheio de inspiração. Imagine um conto destes publicado. Já pensou nisso???

Polyana Amorim disse...

...pois eu aposto dez porções mágicas de fubá com macaxeira que vai dar Lamparina, claro!
...não vai sobrar um músculo do valentão pra contar história!


Gostei muito do blog!

beijos!

Anônimo disse...

=]

um barato!!!
vc é escritor, jornalista ou alguma coisa da área das letras?
mto bom o seu conto; pense no que o camarada acima lhe disse: publique o seu texto!!!

;*****